A relação conturbada entre o propositor, Geraldo Stocco Filho (PV), e os demais membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou a Viação Campos Gerais (VCG) na Câmara, acabou parando no Judiciário.
O presidente da CPI já encerrada, Leandro Bianco (Republicanos), e o relator, Léo Farmacêutico (PSD), ingressaram com processo no Terceiro Juizado Cível de Ponta Grossa contra Stocco por danos morais. O pedido de indenização é de R$ 30 mil. Após a entrega do relatório final da CPI, Stocco criticou o trabalho, dizendo que "terminou em pizza".
A informação sobre o trâmite do processo na Justiça foi tornada pública pela assessoria de Stocco, através de material enviado à imprensa nesta segunda-feira (23).
Stocco propôs a instalação da CPI, mas acabou perdendo o embate político com os demais membros e ficou de fora da condução das investigações, com a presidência ficando com Bianco e a relatoria com Léo.
Membros
Stocco compôs como membro, assim como os vereadores Divo (PSD) e Missionária Adriana (SD). Durante os trabalhos, Stocco queria pedir a quebra de sigilo fiscal e bancário da VCG e dos dirigentes da empresa, mas acabou não tendo a solicitação aceita dentro da Comissão. Fato que o levou a deixar a CPI. O vereador Julio Kuller (MDB) o substituiu.
"Na época, a VCG foi a única empresa a receber ajuda financeira da Prefeitura para enfrentar a crise da pandemia e, mesmo assim, não pagou seus funcionários em dia", lembra Stocco. "Criamos a Comissão para investigar a situação que era absurda: uma empresa recebia subsídio público e não pagava nem o salário dos funcionários", diz no material enviado à imprensa.
"Infelizmente houve uma manobra e fui retirado da presidência, depois deixei a CPI por perceber que ali não havia uma vontade de investigar a situação de verdade. Desde o começo fui boicotado. A CPI tem um poder de polícia que deveria ser utilizado para investigar e apurar situações como estas. Ao ler o relatório final, nota-se que a Comissão deixou de aprofundar questões fundamentais, como o fato de a companhia ter atrasado o pagamento de vários funcionários por meses seguidos", cita Stocco.
"Muitas vezes noto que existem pessoas usando mecanismos legais para tentar nos intimidar, intimidar nossa forma de fazer política e nos perseguir politicamente, mas seguimos firmes!", alega Stocco.
Outro lado
Depois de receber o material enviado por Stocco, o Blog acionou os vereadores Leandro Bianco e Leo Farmacêutico sobre o episódio. Bianco encaminhou uma nota, que reproduzimos na íntegra a seguir:
"Presidi os trabalhos da CPI e o que tenho a dizer é que a Comissão sempre tomou decisões democraticamente, por votação da maioria de seus membros e, especificamente sobre a quebra de sigilo da empresa, digo que nos pautamos em pareceres jurídicos dos advogados da Câmara, os quais, naquele momento, entenderam que não haviam fundamentos aptos a justificarem a medida. Acerca do processo judicial referido, também foi motivado por ilações e ofensas pessoais proferidas pelo Vereador Stocco contra os membros da CPI. Aliás, lá é o foro competente para ele se defender, pois, assim como está fazendo, parece-me que está omitindo fatos para posar de bom moço. É ano eleitoral, eu compreendo que ele queira estar na mídia, embora reprove tais atitudes e declarações distorcidas ou omissivas".
O vereador Leo Farmacêutico optou por não se manifestar.
Não é a primeira vez
Não é a primeira vez que Stocco e Bianco se desentendem na Câmara. Com pensamentos políticos-ideológico bem antagônicos, os dois já foram protagonistas de debates ásperos em plenário. Agora, porém, a briga será no Judiciário, que irá avaliar se Stocco agiu dentro da chamada imunidade parlamentar, ou se excedeu esse direito garantido por lei.
Fotos: DpontaNews