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Destaques 30/07/2025

Cigarros eletrônicos seguem preocupando especialistas

No Dia Mundial de Combate ao Câncer de Pulmão, médica destaca os malefícios desses aparelhos

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Cigarros eletrônicos seguem preocupando especialistas

Estudo da Fundação do Câncer, divulgado em 2024, com base em dados da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer indica que os casos de câncer de pulmão no Brasil devem crescer 65% e a mortalidade 74% até 2040, se mantido o atual padrão de consumo de tabaco no país. O tabagismo continua a ser o principal fator de risco, sendo responsável por mais de 86% dos casos de câncer de pulmão no país, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). 

O  Dia Mundial de Combate ao Câncer de Pulmão é em 1º de agosto, data que serve para alertar as pessoas dos perigos dessa doença, principalmente porque nos últimos anos, o uso crescente de dispositivos eletrônicos têm se tornado uma nova preocupação para os especialistas, especialmente entre jovens, que representam um grupo de risco em potencial.

A pneumologista Daniela Campos comenta sobre isso. “O cigarro eletrônico, o famoso vape ou pod, atrai muitos jovens pela nova roupagem, alguns são até customizados. Além disso, não tem cheiro ruim e tem sabores, não tem aquele gosto ruim do alcatrão igual ao cigarro convencional”.

Quando chegaram ao mercado, muitas pessoas começaram a usar os cigarros eletrônicos achando que seria uma forma de largar o cigarro. “A indústria começou com esse engodo, de que estavam lançando um produto para que ajudasse as pessoas a parar de fumar e algumas acreditaram, porque foi falado que existia uma quantidade de nicotina em gotas que a gente conseguia tatear. Por exemplo, o paciente fumava 20 cigarros, então a gente ia começar com o eletrônico com X gotas. Só que isso nunca existiu para nós médicos, porque a gente nunca soube a real quantidade de nicotina que tinha naquela gota. E a maioria desses cigarros eletrônicos já vinham com THC, que é um derivado da maconha”, pontua a especialista, que atende no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia.

Malefícios

Daniela Campos ressalta alguns dos malefícios causados pelos cigarros eletrônicos. “Mesmo sendo um produto novo é uma droga que já vem sendo estudada há um tempo. Em 2019 vários jovens faleceram de uma doença chamada EVALI, que é um dano alveolar difuso que vem causando nesses pacientes que levam a uma insuficiência respiratória aguda grave por um tapetamento, como se fosse um cimento que gruda no pulmão. Os pacientes internam como se fosse uma pneumonia e não é”, afirma.

“Recentemente também foi descoberto o pulmão de pipoca, que é uma bronquiolite obliterante. E várias outras alterações sem serem pulmonares, como risco de câncer de boca, laringe, AVC, infarto, etc”, completa.

Alguns usuários dos cigarros eletrônicos falam que é possível controlar a quantidade de nicotina nas essências e até fazer sem essa substância, mas a pneumologista contesta esse argumento. “É muito difícil controlar a quantidade de nicotina, mas mesmo que não tenha nicotina, tem o derivado da maconha, que é o THC. E mesmo que não tenha THC, tem amônia, propilenoglicol, chumbo, produtos extremamente tóxicos, nocivos e cancerígenos para o pulmão. Então vai fazer mal praticamente do mesmo jeito”, ressalta.

“A a sua fumaça também tem substâncias tóxicas que podem levar ao enfisema e doenças pulmonares, como uma asma, em quem não é o fumante, mas inala essa fumaça”, acrescenta.

Existem projetos de lei em andamento para regulamentação dos cigarros eletrônicos no  Brasil, mas a especialista é contra essa possibilidade. “Nenhuma das sociedades médicas sérias apoiam a legalização do cigarro eletrônico, já que a gente viu que países como a Inglaterra e Reino Unido, que liberaram o uso dele, estão penando hoje com internações e a falta de leito por conta da EVALI e do pulmão da pipoca, que é a bronquiolite. E  com jovens de 12, 13 anos usando, porque foi permitido. Então, nós somos contra. A Sociedade Goiana de Pneumologia é contra. A Sociedade Brasileira de Pneumologia é contra. Continuaremos contra”, salienta Daniela Campos. (Com assessoria. Foto: Freepik)